sábado, 25 de dezembro de 2010

A Pureza do Pacífico


De volta os cristais brancos
dançavam e cantavam sem timidez.
Aqueles que antes eram gotas
agora escorrem lancinantemente
pelas vagas luzes bruxuleantes
que ornamentam as finas frestas.

A cristalização evapora.
Quem dançava lá dentro era o lume
iluminando a pequena sala
pelas mesmas vagas luzes que
compunham as frestas finas.

Ali a iluminação não era furiosa,
como nos elevados e rudes cimentos,
onde o frio não gela e os empurrões
desfazem os delicados brancos cristais.
Na pequena sala tal não acontecia,
lá o fogo dançava vagamente...

Mais uma manhã repetida chegava.
A emoção cíclica apoderava-se da menina.
Nem o frio cristalino a demovia
duma busca pela resposta ao enigma:

Escadas acima, escadas acima
já o lume tinha parado de dançar.
Nas frestas as luzes já não brilhavam frouxamente.
Brilhava mal a grande estrela
numa neblina invisível que teimava em abrir.

Escassamente penetravam os raios...
Apenas os suficientes para iluminar
a pequena sala e as portas para a alma
da inocente alegria que naquele momento pairava.

Não existia terceira estrofe.
Apenas importavam as pantufas
(bem quentes e de algodão)
e a inocente e cíclica felicidade
que jamais, no pensamento,
poderia um dia vir a desaparecer.

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