quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Metafísicas ou O Paraíso da Ficção



Não te percas no paraíso.
Não, não após teres suado e chorado
e expelido todo o tipo de liquidos
pelo objectivo que nunca alcançaste
e que te faz querer o enforcamento.

Quando chegares ao paraíso, lá
não conseguirás uma nova vida.
"The Conquest of Paradise"
Ouve-se a música country,
enquanto as mulheres cosem às portas
das suas cabanas de madeira...

Fazem ranger as cadeiras conforme
observam a rua e os cavalos que passam
ao ouvir já a harmónica.

Das montanhas e da neve.
Não te percas no paraíso,
onde tudo é branco e nada é preto
como a ironia dos descobrimentos!
Ouço então um crack e arromba-se a porta.

Surgem duas crianças numa placa de cartão,
deslizando neve fora.
Não te percas no paraíso!
Na paz das florestas húmidas
onde tudo são árvores e riachos
e canoas e barcos de brancos disparando.

Não te percas no paraíso,
na urbe da realidade tão temida.
É o fim das aventuras e o sistematizar
de vidas, toda a perda de originalidade
que poderia ter várias vezes mudado o Mundo.

Daí a tão amada ficção, mas
Não te percas no paraíso.
Nunca te esqueças que a tua vida
já nada de novo trará e que perguntarás porquê.

Não te percas no paraíso,
nem no conforto das memórias...

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