sábado, 12 de janeiro de 2008

Areias e Vidros




Giggle giggle, diz a rapariga;
Hum hum, diz o rapaz
e nada dizem,

Rodeiam o X até se cortarem nos vidros.
E depois arrependem-se de se terem afundado na areia.
Esvai-se então o sangue e todo o pensamento
que afinal não é nenhum, em cada gota de informação
nunca deveria ter sido cortada.

A isso se chama ignorância ou cegueira de não querer ver,
e partiria para a descrição do preto, que é vazio
como mostra a cegueira:a ausência de informação
entupida no canal lacrimal que não quer ver.

Enquanto se vai rodeando o X, esvai mais informação,
desta vez do suor dos poros tão dilacerados pelo giggle giggle
que só transmite insegurança, dúvida e indecisão.
Adeus diz a rapariga

Na solidão esvai-se em desespero.
Os fluxos e as lágrimas, enfim todos dão nova informação
e sabedoria sobre isto que é afinal o organismo.

Cancro de Pulmão

Impede-nos de respirar talvez?
Será também ele um vazio? Um preto?
Uma ausência de formas
Um buraco! Um vácuo!
Um sufoco de não conseguir abrir a boca e respirar.

Maquinalmente fazemo-lo, não lhe agradecendo o valor
O alívio que num momento de desespero
um acto maquinal poderia trazer,
mas que cortando o fluxo no instante
poderia acabar com a vida.

Détailes, détailes...

Que demonstram como nada é invulnerável.
Basta a palavra errada, a errada metamorfose
para acabar com um giggle ou com um hum.
Implicitando o cancro de pulmão tao receado
em que tudo se reveste de cinza e se esvai em suores

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