terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Interlúdio



Luz vaga, apagam-se os prédios;
Morrem os sons, desvanecem-se os brancos.
Apenas se mantém a força dos cimentos;
Tão rudes, fracos e violentos.

Silêncio nevoeirento.
...Surdo...
Letal na sua imensidão;
Com brisas de frio...

A paz é quebrada.
Ouvem-se ecos distantes:
Gargalhadas, tacões.
"Sobe, quero mostrar-te uma coisa."

Silêncio nevoeirento.
...Surdo...
Letal na sua imensidão;
Com brisas de frio...

A paz é quebrada.
Melodia batida, imparável!
Luzes, cores!
Vêm as sereias...

Silêncio nevoeirento.
...Surdo...
Letal na sua imensidão;
Com brisas de frio...

A paz é quebrada.
Quebra natural
Ou talvez por culpa do grande animal,
Pois começa a cair.
O desgraçado que ia a passar,
Ao ter a infelicidade de olhar,
Não resistiu ao molhar.
Porque se a humanidade não lha dá,
Há que ir buscá-la à natureza.
E abre os braços gritando:
"Se não fazes a tua justiça
Como esperas criar filhos?!"
E vai-se embora, errando no nevoeiro...

Mas a quebra continua!
Talvez assim se lavem as pedras,
Tão polidas de sujidade,
Do nojo dos desgraçados
Que regem a justiça.

E continua a quebrar...
A borracha quente,
fundida com o negro que tapou a terra.
A ciência explica-o pois é uma reacção:
O gélido com o quente forma vapores.
Mais letal ainda
Que o silêncio nevoeirento.

A quebra é incessante!
O barulho é tanto
Que as gargalhadas e os tacões
Espreitam da sua janela embaciada.
Ao mesmo tempo que pouco mais abaixo
Se volta a inocência,
Incapaz de dormir com tanto barulho...

Finalmente vai amainando.

Silêncio nevoeirento.
...Surdo...
Letal na sua imensidão;
Com brisas de frio...

Já se ouve o chilrear.
Belas melodias que se vão entoando.
Melodias da natureza, pois a paz não se quebra.
Melodias naturais, pois a inocência não se volta.

Começa a raiar.
Acabo o duro sofrimento do vazio.
Do silêncio letal.
É como se fosse o começo.
Logo começa o caos...

10 comentários:

Anónimo disse...

excepcional

Anónimo disse...

Grande iniciativa, nao e assim tao grande pq os blogs ja enjoam mas pronto, mesmo assim e sempre bom unm espaco onde se fale de cultura e derivados, e principalemte onde se tenha acesso aos poemas do grande david!! Vi*

Anónimo disse...

Muito bom David! O poema está lindo :)
Beijinhos

Anónimo disse...

olá David, lindas palavras as tuas. Estou feliz por se terem juntado, em tão distito blog.Obrigado por tudo, continuem.

Anónimo disse...

Companheiros, acho interessante criarem um espaço um pouco diferente dos habituais na blogosfera!
E embora por vezes os textos não coincidam com o meu gosto pessoal, é inegável a sua qualidade.
Good Luck to continue...

Ps-isto ninguém sabe, mas o david andava há imenso tempo a espreitar um sitío onde pudesse colocar os seus poemas!EHE

Anónimo disse...

este poema ta de muita qualidade mesmo!

Anónimo disse...

este poema dá-lhe muito sim senhor

Anónimo disse...

não posso deixar de notar um certo erotismo neste poema. isso ou tenho uma mente encardida. gosto do blog, dav

Anónimo disse...

bem, la erotismo ha ele, mas nada k n seja justificado lool

Anónimo disse...

parebens pelo poema, sim senhor